É bem verdade que acostumamo-nos a viver em um país onde "furar" filas, sonegar impostos ou até mesmo pegar emprestado e não devolver viraram ações rotineiras, banais e sem importância. Como colonizados, constantemente, julgamos a postura desonesta de Portugal ao enganar nossos índios com quinquilharias em troca de nossas matas, riquezas e mananciais. Contudo, acostumamo-nos a ouvir promessas de campanha ou projetos futuros que prometem vida digna, salários melhores, fim do caus do mêtro e melhoria do sitema de saúde. Guardadas as proporções, promessas e projetos que com o tempo tornam-se quinquilharias. Exemplificando, notoriamente, a desonestidade histórica a qual estamos submetidos.
É necessário, como sociedade, compreendermos que ao praticarmos a desonestidade afetamos a vivência em coletividade e favorecemos uma ruptura com os princípios éticos que regem o bem estar social. É conveniente que saibamos que para se viver bem na pólis não podemos ser honestos apenas quando nos convém ou quando estamos sendo observados pelo outro.
Sobre o "jeitinho brasileiro", cabe salientar que esse esteriótipo cristalizou-se na cultura brasileira e serve, ainda hoje, como uma desculpa - considerada por muitos plausível- para que sejamos desonestos, atrasados em nossos compromissos e para que realizemos nossas atividades em última hora, sem capricho, organização e, principalmente, qualidade. O presente que recebemos do Walt Disney há alguns anos, o emblemático Zeca Carioca, reforça o orgulho que temos de sermos considerados o povo "malandro", que faz de última hora e dá certo e que quer estar sempre à frente do outro. Infringimos as leis de trânsito porque todos as infringem e estacionamos nossos carros em locais proibidos porque todos também estacionam. Desta forma, visamos o outro e suas atitudes como justificativa para nossas imoralidades.
Enxergar o mundo de maneira unilateral, individualista ou egocêntrica, por vezes, nos faz acreditar que as nossas atitudes não são combustíveis para os problemas que existem em nosso país. É necessário que não tenhamos apenas políticos éticos e úteis (afinal isso não é necessário, é essencial!!!) é necessário também sermos cidadãos que não distinguem pequenas ou grandes corrupções. Furar a fila do banco ou roubar dinheiro público, guardadas suas proporções, são frutos de desonestidade e de desrespeito para com o outro. Assim, tornou-se extremamente difícil para os nossos governantes receber nossos impostos e realizar moradias dignas, tirar do papel projetos que levem água para o sertão e desenvolver saneamento básico em diversas partes do país.
Mesmo que a princípio pareça banal, uma alternativa viável para vivermos melhor como sociedade e indivíduos é pararmos de acreditar que a honestidade restringi-se a votar em candidatos de ficha limpa. Tal atitude é básica é primordial. Ainda mais útil que esta está a prática da honestidade diária, em nossas relações com amigos, vizinhos, familiares e desconhecidos.
Quando nos inquietarmos não apenas com os exorbitantes impostos que pagamos, mas com crianças que estão na quinta série e ainda não sabem ler ou pais que montam barracas na porta das escolas para conseguirem uma vaga para seus filhos estudarem e quando ficarmos perplexos com a falta de macas e algodões nos hospitais ao redor do Brasil, compreenderemos que a desonestidade não se restringe a "passar a perna" no outro, compreendermos que esta nos remete a descivilizacao, na medida em que perdemos o instinto de união e respeito para com o próximo e retrocedermos a barbárie, momento em que o "cada um por si e Deus por todos "era bem eficiente!
Muito bom !
ResponderExcluirOlá.
ResponderExcluirEu não me esqueço da primeira vez que fui à loja comprar o meu primeiro computador. O lugar não era um desses estabelecimentos tradicionais de eletrodomésticos, era um comércio especializado em informática.
Cheguei ali por recomendação de um técnico de confiança. Pedi a novidade do momento, o sistema operacional Windows XP, acompanhado do pacote Microsoft Office, um HD potente, memória grande...
Com ar de dono da situação, o atendente fez sinal com a mão direita para que esperasse e abriu uma gaveta na parte inferior do balcão. Mostrou-me produtos piratas, dizendo ser o melhor preço que iria encontrar! Eu recusei, me esforçando para esconder a indignação.
- Obrigado, quero instalar software’s originais – disse-lhe.
Ele sorriu olhando para mim demonstrando não acreditar no que ouviu.
- Mas, o Bill Gates é tão rico! Você não precisa enriquecê-lo mais ainda! Os preços que ele cobra pelos produtos são caros!
Insisti pedindo os originais. O atendente chamou o técnico que trabalhava ali, para que desse o parecer “profissional”, e ele também tentou fazer com que eu mudasse de ideia. Não mudei.
A máquina foi montada conforme os padrões exigidos. Alguns dias depois, saí dali com o que havia de mais eficiente em matéria de software e hardware, sem que me dobrassem. Mas também com a certeza que zombaram de mim pelas costas.
E, alguns anos depois, em outro estabelecimento, comprei outro sistema operacional, original da Microsoft, o Windows 7, lançado na praça por aqueles dias; o técnico que instalou o produto tentou me enganar, colocou produto falso, apesar de eu deixar bem claro que não era a minha vontade.
Resumo da ópera: hoje em dia, para muitos, ser honesto é sinônimo de ser idiota.
E.A.G.
http://belverede.blogspot.com.br
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Samara,
ResponderExcluirPostagem nota 10, é incrível como muitas vezes se camufla a desonestidade. Gostei de conhecer seu blog.
Parabéns, Samara
ResponderExcluirSeu artigo é nota 10. Concordo plenamente contigo.
Prossiga para o alvo!
Samara,
ResponderExcluirFaço minhas as palavras de todos que elogiam seu blog. O conteúdo é excelente!
Continue firme em seu propósito de publicar coisas assim.
Deus te abençoe hoje e sempre!